Muito me chamou a atenção o texto que recebi. Fala sobre avaliação, provas.
Vou começar pelo que destaco e seguida transcrevo o texto todo.
" Ainda, além das provas, ou sem elas que seja, o que é preciso é que o professor conheça, como ninguém, cada um de seus alunos, principalmente no ensino fundamental e médio, onde a preparação da autonomia deve ser trabalhada (e isso não se faz com mais de trinta e cinco alunos na sala de aula). É preciso uma avaliação diária, não como prova, mas como percepção da aprendizagem de cada aluno. Não podemos esperar dois meses para avaliarmos. Em cada necessidade, em cada dificuldade, o educador deve estar presente para auxiliar o seu aluno. É o modelo de educação "Just in time". A avaliação diária (pela percepção da aprendizagem) possibilita que nossas crianças e adolescentes corrijam a rota o quanto antes. É mais ou menos o que diz Toquinho em O Caderno: "sou eu que vou seguir você do primeiro rabisco até o be-a-bá / em todos os desenhos coloridos vou estar".
TEXTO COMPLETO
> Gazeta de Cuiabá, 16/09/2010 - Cuiabá MT
Prova e avaliação
Claudinet Antônio Coltri Júnior
Com o surgimento e implantação de novas formas de avaliação e de requisitos de acesso para séries superiores, muita confusão está sendo criada na cabeça de pais, educadores e da opinião pública em geral. Uma coisa é certa, por mais que tenhamos problemas com a implantação dos novos modelos de avaliação, as formas de avaliação do passado já demonstravam sinais de desgaste. Quando as provas tinham como foco a disciplina, o esforço e a dedicação para se entender algo, até faziam sentido. Na verdade, esse "sucesso" do modelo se deu em uma época onde valia o "bigode", ou seja, o comportamento adequado (se é que podemos chamar assim) era o padrão. As pessoas ao adentrarem ao mercado de trabalho eram confiáveis por natureza. O empenho (como ato de dar a palavra) era natural e, por consequência, o desempenho (ato de "despenhorar", de cumprir a promessa) vinha na mesma medida.
Depois de algum tempo, as pessoas começaram a tratar a prova como fotografia de momento. Não se estudava mais para aprender, mas para "passar de ano". O ensino médio passou a ser usado, não para trazer uma base de conhecimento para a pessoa lidar com as nuances e peculiaridades do ensino superior e da vida de um modo geral, mas sim para passar no vestibular. Assim, o ensino saiu da ideia do aprender para o "ser aprovado". O reconhecimento de sucesso dos jovens passou a se dar não pela medida do que conhecia, nem de como se comportava, mas pela ideia de passar de ano ainda no terceiro bimestre e pela quantidade de faculdades de ponta em que foi aprovado. E aí mora o perigo. O filósofo Mario Sérgio Cortella traz um dado alarmante em pesquisa realizada na PUC São Paulo: os alunos que passavam em primeiro lugar nos vestibulares, em sua maioria, eram os piores alunos universitários.O consultor Marco Aurélio Vianna, no vídeo Seja amigo da mudança, conta a história dele próprio que, mesmo adorando História, oito anos após sair do ensino médio (de um dos principais e tradicionais colégios do Rio de Janeiro) foi para a Espanha e não sabia quem eram os godos e visigodos.
Por que isso acontece? Porque o foco das escolas quando aplicam provas no modelo tradicional é apenas retratar uma situação já passada. As crianças e adolescentes, quando vão mal nas provas, via de regra, não passam por nenhum trabalho de reeducação para efetivamente receber uma nova chance de se apropriar do aprendizado já ofertado. Quando passam, o resultado é pífio. Pior, muitas escolas, a partir das primeiras avaliações, dividem as turmas colocando os melhores com os melhores e os piores com os piores. Não há nada mais desumano que "tachar" um adolescente e uma criança. Assim, em um primeiro momento, toda a avaliação não pode ter como foco reconhecimento ou punição, mas simplesmente saber qual o resultado do aprendizado oferecido, como os alunos receberam o trabalho do educador.
Ainda, além das provas, ou sem elas que seja, o que é preciso é que o professor conheça, como ninguém, cada um de seus alunos, principalmente no ensino fundamental e médio, onde a preparação da autonomia deve ser trabalhada (e isso não se faz com mais de trinta e cinco alunos na sala de aula). É preciso uma avaliação diária, não como prova, mas como percepção da aprendizagem de cada aluno. Não podemos esperar dois meses para avaliarmos. Em cada necessidade, em cada dificuldade, o educador deve estar presente para auxiliar o seu aluno. É o modelo de educação "Just in time". A avaliação diária (pela percepção da aprendizagem) possibilita que nossas crianças e adolescentes corrijam a rota o quanto antes. É mais ou menos o que diz Toquinho em O Caderno: "sou eu que vou seguir você do primeiro rabisco até o be-a-bá / em todos os desenhos coloridos vou estar". Infelizmente, provas bimestrais não possibilitam esse acompanhamento. O resultado do modelo de prova está escancarado em nossa frente. E não tem sido bom! Pense nisso.ente, provas bimestrais não possibilitam esse acompanhamento. O resultado do modelo de prova está escancarado em nossa frente. E não tem sido bom! Pense nisso."
sábado, 18 de setembro de 2010
Assinar:
Postagens (Atom)
Arquivo do blog
- março (1)
- fevereiro (5)
- setembro (7)
- agosto (4)
- abril (3)
- novembro (4)
- outubro (28)
- outubro (1)
- maio (1)
- abril (2)
- março (1)
- outubro (4)
- setembro (1)
- agosto (2)
- julho (4)
- junho (2)
- maio (9)
- abril (56)
- março (27)
- janeiro (1)
- dezembro (3)
- junho (10)
- fevereiro (1)
- janeiro (1)
- novembro (1)
- outubro (5)
- setembro (1)