quinta-feira, 25 de março de 2010

Outra via de avaliação da Escola

Colégios "top" mapeiam ex-estudantes
Pesquisa do Datafolha encomendada por 11 escolas de SP ouviu 1.500 pessoas; objetivo é reduzir importância do Enem. Estudo analisa situação econômica dos ex-alunos; as graduações de direito administração e engenharia são as mais procuradas
Folha de São Paulo, 20/03/2010 - São Paulo SP
FÁBIO TAKAHASHI DA REPORTAGEM LOCAL

Na tentativa de diminuir o peso do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) como indicador de qualidade, colégios particulares de São Paulo decidiram criar avaliação própria. Por meio do Datafolha, entrevistaram 1.500 ex-estudantes, para apurar itens como salário atual dos egressos e autoavaliação em relação ao poder de negociação. Participaram da pesquisa, que será anual, 11 escolas (entre eles Bandeirantes, Vera Cruz, Oswald de Andrade, Gracinha e Lourenço Castanho). A posição delas no último Enem varia de 2º a 140º, num universo de 423 colégios privados paulistanos. As escolas dizem que os dados, inéditos no país, serão usados para corrigir seus pontos fracos e para apresentar melhor a instituição aos pais, tanto aos que já têm filhos estudando no colégio quanto aos interessados em uma vaga. Os resultados estão em fase final de tabulação, mas já está claro que os ex-alunos (são considerados no levantamento somente aqueles se formaram nas escolas) se autoavaliam mais positivamente nos itens ética, comprometimento e postura; as notas mais baixas são para negociação, raciocínio numérico e responsabilidade social. As escolas, cuja média de mensalidade é de R$ 1.650, foram bem avaliadas (nota 8,7). Dos ex-estudantes, 73% se graduaram em uma universidade privada -USP e PUC são as preferidas. Os cursos universitários mais procurados pelos egressos foram administração, direito e engenharia.

Avaliação ampla - "Hoje o pai só sabe a mensalidade e a nota no Enem. Se o aluno daquela escola não sabe trabalhar em grupo ou negociar, o exame não mostra", afirma Eugênio Machado Cordaro, diretor do Oswald de Andrade e um dos coordenadores da pesquisa (delineada pelo Instituto Eduqual). Cada colégio receberá relatório individual, com os resultados de seus egressos. A ideia é expandir a pesquisa para outras escolas nos próximos anos. "Não sejamos ingênuos. Há uma grande disputa por alunos, e esses colégios cobram caro. As informações serão usadas para convencer pais", afirma a professora Angela Soligo, da Faculdade de Educação da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). "Tomara que [as informações] sejam usadas também para melhorar o ensino. O pai deve estar atento ao que será mostrado", completa a pesquisadora.

Sedentarismo - Um dos pontos que mais preocuparam as escolas foi o sedentarismo: aproximadamente 35% dos ex-estudantes disseram que não praticam exercícios regularmente. "Teremos de repensar como abordamos o físico, a alimentação saudável. Temos focado mais as atividades intelectuais, que são importantes, mas isso não é tudo", diz Cordaro, coordenador do levantamento. "A aula de educação física é descolada da aula de ciências. Isso precisa mudar", afirma Sylvia Figueiredo Gouvêa, diretora do Lourenço Castanho e assessora da pesquisa.

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