terça-feira, 13 de abril de 2010

A escola mudou como o vestibular ? - Casos do Ceará

O vestibular mudou. E a escola?
Antônio Araújo
O Povo, 06/04/2010 - Fortaleza CE

Contra fatos não há argumentos. As escolas ``campeãs`` do vestibular no Ceará não estavam preparadas para atender às exigências curriculares e metodológicas propostas pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). É o que ficou demonstrado com os dados apresentados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), sobre o Enem de 2008, informando que apenas 17 escolas do Ceará foram classificadas entre as mil primeiras do Brasil. Os mesmos dados do Inep informaram ainda que a escola cearense melhor colocada no ranking das escolas brasileiras ficou na 88ª posição. Frise-se que a mesma faz parte de uma rede de três escolas que, reunidas, ficaram apenas na 251ª posição. Esse resultado é revelador do anacronismo de uma escola que reduz o processo de ensino-aprendizagem a um mero esforço de memorização de conteúdos enciclopédicos, desvinculados das experiências cotidianas do estudante e transmitidos por um professor comunicador, especialista na arte do monólogo e incapacitado para o diálogo criativo e educativo da sala de aula, mediado pela ciência, da qual se supõe conhecedor. Esse tipo de escola está na contramão das exigências piagetianas do Enem, que têm como metas o desenvolvimento de inteligências problematizadoras e a formação da consciência crítica dos atores envolvidos no processo educativo. Aqui abro um parêntese para expressar a minha crença no poder renovador dos professores do pré-vestibular frente às novas exigências impostas pelo vestibular. E quanto ao futuro? A Universidade Federal do Ceará aderiu ao Enem, e a responsabilidade da escola cearense aumentou. Nossos estudantes agora terão que concorrer com estudantes de todo o Brasil, e, em tais circunstâncias, a competitividade do estudante será fortemente determinada pela prática pedagógica de sua escola. Nesse sentido, os eixos de competências propostos pelo Inep impuseram às escolas conteudísticas a urgente necessidade de buscarem novos paradigmas educacionais. Resta saber se elas estão preparadas para esse desafio. É esperar para ver.

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