terça-feira, 13 de abril de 2010

Planejar o Ensino

Reformulem o ensino
Ilson Sanches
Gazeta de Cuiabá, 07/04/2010 - Cuiabá MT

Quando lemos na mídia nacional escrita que a nossa educação não avança, ficamos envergonhados, tristes, acabrunhados, depauperados, lânguidos e até mesmo escalafobéticos, por nos sentirmos ser de outro mundo. Sentimo-nos, ainda, fora da nossa casca, como abduzidos pela nossa própria ignorância. Ficamos recolhidos, "escargozados" (de escargot) e como que encaracolados (na forma de caracóis, voltados absolutamente para dentro). E passamos a não entender a razão pela qual o nosso ensino não avança, não melhora, não contribui para a construção da cultura brasileira, não entranha na alma do brasileiro. E nasce com essa indignação uma forte comoção, em torno da enorme necessidade de se identificar, achar, encontrar mesmo, de forma definitiva, um verdadeiro rumo para a reorganização civilizatória do sistema educacional brasileiro. Apesar de esta comoção estar na mídia há muito tempo, nada acontece, não há mudanças significativas e continuadas nas ações e nas políticas.

Não são novas as propostas de se recuperar a educação cívica e a cultura nacional para oferecer à nação uma necessária consciência que enalteça e defenda a Pátria como uma dádiva de desenvolvimento para as próximas gerações. O que estamos fazendo, no presente, para valorizar os nossos cidadãos e para que ele valorize a sua Pátria e defenda o patrimônio da nação e, sobretudo, que tenha satisfação de ser brasileiro?

Não há, ainda, um Projeto Nacional de Educação que tenha como princípio básico o nascimento de uma consciência nacional desenvolvimentista e de cidadania em que, de forma clara, sintamos a evolução gradativa e concreta dos procedimentos, da execução e dos resultados de desenvolvimento. Há anos, nestes mesmos períodos, vários países evoluíram e ao mesmo tempo o nosso claudica na violência, na corrupção, na insegurança e na deseducação. E ainda, no mau uso do dinheiro público ou mesmo do não uso adequado de recursos para a educação. Vemos até nações emergentes que eram "lanternas" na classificação mundial de liderança despontar para o desenvolvimento e o bem-estar de seu povo.

Nós não evoluímos tecnologicamente e não avançamos culturalmente. O povo está fraco diante do que poderia produzir, está fraco diante dos desafios intelectuais que se lhes apresenta. E esta fraqueza alimenta o egoísmo de muitos que preferem assim fique para continuar dominando. O nosso resultado educacional face ao resto do mundo é pífio e nos envergonha. E temos hoje, na educação, na saúde, no saneamento, nos transportes, na infraestrutura etc. os mesmo problemas que tínhamos há mais de vinte anos, guardadas as proporções de crescimento populacional. Em que evoluímos? Em que progredimos, em que avançamos e somos bons exemplos para o resto do mundo? Na maioria das vezes em coisas de somenos importância que até países mais fracos, e com menos esforços conseguem. E nós? Onde estão as respostas a estas perguntas? Como solucionamos os nossos problemas? De modo improvisado e temporário, sem definitividade, sem segurança. Assim, como não debelamos a corrupção e nos sentimos incapazes para tanto, também não avançamos em progresso de renda para debelar a as diferenças sociais e regionais. E buscamos eternamente culparmos os "outros".

Eis que a mídia fala das universidades públicas brasileiras tradicionais que não conseguem produção científica comparativamente mais produtiva. Fato que há muito tempo se sabe que os projetos foram várias vezes direcionados para solucionar esta questão e não solucionam. A lista de problemas que muito bem conhecemos é enorme, mas não lhes damos soluções definitivas. A pergunta é simples. Por que estes absurdos não cessam? Para qualquer planejamento dar certo é preciso, antes de tudo ter vontade de fazer. E nós temos? Temos a vontade de resolver nossas agruras e pendengas ou queremos, de fato, perpetuá-las para parecermos mais importantes? E defender nossos interesses egoísticos? Ficam as perguntas no ar.

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