domingo, 18 de abril de 2010

Repensando a escola: espaço, tempo...vivências, aprendizado

A escola e o desejo de aprender
Elias Januário
Gazeta de Cuiabá, 16/04/2010 - Cuiabá MT

Outro aspecto que quero dialogar com vocês, leitores, é sobre o interesse dos estudantes pela escola, particularmente pelo que é ensinado nas instituições escolares públicas e particulares de nosso país. Uma triste realidade que nos deparamos é que nossas escolas não levam em consideração a curiosidade dos educandos e as possibilidades do novo. Na maioria das vezes tudo já está pronto, estabelecido, determinado. Os conteúdos curriculares não despertem interesse nos alunos, dificultando com isso a aprendizagem. O desejo de aprender, que deveria ser aflorado cotidianamente, acaba sendo contido pelos currículos escolares que a cada dia estão mais distantes da realidade e do interesse dos estudantes.

As escolas, em sua maioria, desconhecem o mundo infanto-juvenil na sua essência, ficam presos a teorias e metodologias que muitas vezes não refletem o contexto dos seus estudantes. Os estabelecimentos escolares determinam o que deve e o que não deve aprender na formação escolar, sem ouvir os alunos, sem levar em consideração a diversidade de conhecimento e saberes que as crianças e jovens trazem consigo e que poderiam ser aproveitados como parte do instrumental de metodologia de ensino.

É preciso também repensar a escola em seu modelo espaço-tempo, ou seja, rever a estrutura que se encontra caracterizada por sala, campainha, corredor e pátio. É fundamental conceber outros espaços alternativos de aprendizagem, locais e momentos diversos para que se possa aprender e produzir o conhecimento. Fazer o estudante pensar, investigar, descobrir o caminho do conhecimento. No momento atual, num contexto de um mundo conectado e globalizado, a função do professor passa a ser a de uma pessoa que aponta rumos e possibilidades ao invés de ficar dando respostas.

Outro fator que devemos levar em consideração quando discutimos aprendizagem na escola, trata-se dos conteúdos e conceitos que são ensinados e nunca são usados na vida. Trata de temas que poderiam ser substituídos por outros que teriam melhor aproveitamento na formação enquanto cidadão. A escola perde um tempo considerável ensinando conteúdos que nunca serão utilizadas, ou quando muito para passar no vestibular, enquanto poderia estar tratando de temas mais atraentes e de utilidade para a vida cotidiana como meio ambiente, saúde, diversidade, sexualidade, entre outros. Para termos uma escola onde o aluno sinta o gosto pelo aprendizado, tenha vontade de frequentá-la não apenas pelos amigos ou obrigados pelos pais, essa escola tem que levar em consideração o desejo de aprender do estudante e não apenas o que os adultos acham importante. Para tanto é imprescindível que se rompa com a tradicional e perniciosa "grade curricular", propondo um modelo mais flexível e aberto de busca do conhecimento e produção do saber.

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