segunda-feira, 15 de março de 2010

Mentes brilhantes

Mentes Brilhantes
Na mira dos ensinos público e particular, estudantes superdotados se destacam com inteligência acima da média
Folha de São Paulo, 15/03/2010 - São Paulo SP
DA REPORTAGEM LOCAL

Aos 13 anos, enquanto os garotos de sua idade estavam, em geral, no oitavo ano do ensino fundamental, Guilherme Cardoso passou no vestibular em química na Universidade Federal do Paraná. Em primeiro lugar. Guilherme é o que psicólogos chamam de "superdotado", ou seja, alguém com inteligência acima da média (leia à pág. 5). A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 5% da população mundial tenha esse dom -no Brasil, seriam quase 10 milhões, segundo a conta. Especificamente no Estado de São Paulo, a Secretaria da Educação identificou 1.022 superdotados na rede pública em 2009. E o número está crescendo. Eram 397 em 2008. Não que os alunos estejam ficando mais inteligentes. "Creditamos esse aumento à formação dos professores, orientados para identificar esses talentos", explica Denise Arantes, técnica do centro de apoio pedagógico especializado da secretaria. Na rede pública, uma vez detectados por seus professores, os alunos com alta inteligência são orientados para atividades como a participação em concursos ou o ensino integral. Por enquanto, a maior mudança para Anaís Duarte, 14, de escola estadual, foi no empenho. "Fiquei animada e passei a escrever mais", diz. A garota foi identificada no começo do ano como talentosa na redação. Até agora, diz não participar de nenhuma atividade específica.

Pé no freio - Na rede pública paulista, porém, histórias como a de Guilherme -aquele que entrou na faculdade aos 13 anos- não são possíveis, pois a aceleração do ensino não é praticada. Já no ensino privado, se o aluno poderá pular etapas vai depender de como cada escola lida com a superdotação. Por um lado, "a inteligência emocional nem sempre acompanha a intelectual", ressalta Liliane Garcez, do Instituto de Educação Superior Vera Cruz. Por outro, "para o superdotado, ir para a escola pode ser tão maçante que se torna um sofrimento", afirma Maria Lúcia Sabatella, presidente do Instituto para Otimização da Aprendizagem -que diagnostica alunos com alta inteligência. O curitibano Charles Ribeiro, 17, foi outro que entrou na universidade cedo. Aos 14 anos, foi aprovado em engenharia da computação. Sua escola, porém, não emitiu o atestado de conclusão de ensino médio -e ele não pôde fazer o curso. "Esse tempo não foi desperdiçado", pondera o garoto. "Pude estudar alemão, vai ser um diferencial na minha carreira." Enquanto isso, Charles lida com o preconceito. "Foi complicado na escola", diz. "A diferença entre mim e meus amigos era impactante." Apesar dos mitos em torno dos superdotados, o rapaz já tirou nota vermelha em matemática. Explica: "O ambiente e a motivação influenciam". (DIOGO BERCITO)

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