Acha que errou na escolha? Encare as dúvidas do 1º ano
Dificuldades com rotina se confundem com incerteza sobre profissão
Bruno Loturco
Portal Universia, 07/04/2010
Diversos fatores podem colocar o aluno em dúvida nos primeiros dias na faculdade. Desde um primeiro contato frustrante com a profissão até a mudança de rotina do estudante, que sai do Ensino Médio e passa a enfrentar obrigações às quais não estava acostumado. O processo de adaptação não é tarefa simples para todos. Ao sentirem as primeiras dificuldades, muitos calouros ficam insatisfeitos com a situação e começam a questionar se estão realmente fizeram a escolha que certa no vestibular. Marcelo Rios, coordenador do curso de engenharia civil da Unifacs (Universidade Salvador) acredita que contribuem para esse questionamento dos alunos recém-chegados à universidade a carência teórica dos Ensinos Fundamental e Médio - principalmente em cursos mais técnicos -, a facilidade de acesso à graduação nas IES (instituições de Ensino Superior) privadas e o que chama de excesso de opções. "Os alunos decidem muito cedo e não têm paciência para verificar se gostam ou não do curso. A geração nova é a do controle remoto com 100 canais. Se não gosta, muda de canal. Se o curso não agrada, mudam porque se sentem obrigados a usufruir da liberdade que conquistaram", critica Rios.
Leitura semelhante tem Marcos Luiz Pessatti, coordenador do curso de Ciências Biológicas da Univali (Universidade do Vale do Itajaí). "Hoje temos tudo industrializado, o que facilita a vida, mas tem acostumado a geração nova a não ter de fazer nada. E as famílias sustentam essa postura, o que dificulta um pouco mais", acrescenta ele. É preciso, portanto, cuidado ao avaliar se os motivos que levam ao questionamento decorrem de mera resistência em enfrentar a nova realidade ou de efetiva incompatibilidade com o curso escolhido. Nesse contexto, o primeiro conselho dos coordenadores entrevistados é para que os alunos tenham paciência e tomem consciência de que passam por uma mudança de paradigma e que as conquistas dependem unicamente do esforço e do estudo deles.
Em seguida, a recomendação é para que façam projeções sobre o que esperam para a carreira e a vida. A finalidade é perceber que o curso é apenas uma etapa e, principalmente, que as disciplinas tendem a ficar mais práticas depois dos primeiros períodos. Para tanto, vale conversar com professores ou com profissionais. "Quando o aluno chega com dúvidas, o aconselho estagiar para ter contato com profissionais da área e ver se fica ou não mais estimulado. O importante não é que fique no curso, mas que fique no curso que goste", afirma Rios.
Essa foi a saída encontrada por Luis Bernardo Barboza Vianna Bacellar, aluno do último ano de engenharia civil da Unifacs e que tinha dúvidas sobre a profissão escolhida desde o vestibular. Essa incerteza se tornou mais notória quando as aulas começaram e só foram arrefecer quando ele começou a estagiar. "O estágio me motivou muito porque via coisas em campo que aprendia na faculdade", conta o rapaz. Por isso, o conselho dele para os calouros em dúvida é colocar a mão na massa. "Para ter opinião sobre alguma coisa, tem de experimentar, mas se a dúvida permanecer, tem de ir atrás de outra coisa porque não adianta tentar realizar o sonho dos outros", declara ele.
Pessatti é taxativo ao comentar sobre a importância da perseverança. Na visão dele, o aluno chega destreinado à graduação, pouco acostumado a raciocinar. Assim, ele defende que os estudantes se obriguem a enfrentar os desafios impostos. "A maioria encara a realidade nova. Mesmo que reprove numa ou noutra disciplina, a maioria se dá bem porque é inteligente", acredita ele. Alguns cursos oferecem, já no primeiro ano, a possibilidade de os alunos terem aplicações práticas do conteúdo apreendido, o que, na opinião de Rios, tem efeito semelhante ao do estágio. Como exemplo ele cita o caso do curso de engenharia civil da Unifacs, em que os calouros podem visitar obras e participar de concursos, como o que elege a melhor ponte feita de palitos de picolé. Em paralelo, afirma que a instituição procurou tornar mais acessível a linguagem de introdução à engenharia.
Cuidados prévios - Para diminuir a ocorrência desse tipo de problema já no primeiro ano, os alunos têm como alternativa avaliar a carreira e a vida universitária antes mesmo do vestibular. "Temos instrumentos que permitem ao aluno saber o que o profissional faz e como vive. E também é possível conhecer a instituição antes de se tornar aluno", diz Pessatti em referência às palestras promovidas pela sua instituição em que esses assuntos são tratados de maneira mais detalhada.
Pessatti faz ainda uma referência às perdas financeiras que uma escolha errada pode ter e como isso tem peso negativo não só no bolso do estudante, mas a longo prazo, se o medo das perdas tiver influência excessiva. Segundo ele, o planejamento financeiro é essencial, especialmente no caso de IES privadas. "O aluno entra na faculdade sem ter muita noção se vai conseguir pagar e, ao longo do semestre, alguns começam a sentir que não vão cumprir o compromisso financeiro e largam ou optam por outro curso mais pelo custo do que pela vocação", lamenta Pessatti. Rios acredita que a somatória de fatores tende a pesar mais. "O sujeito vê que tira boa parte do salário para a mensalidade, não consegue acompanhar o curso direito, está muito cansado e a família sente falta dele. Daí, num momento de fraqueza, ele larga", analisa. Nesses casos, a saída apontada por ambos os coordenadores é recorrer a financiamentos estudantis disponíve
terça-feira, 13 de abril de 2010
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