A escola e a formação moral e ética
Elias Januário
Gazeta de Cuiabá, 09/04/2010 - Cuiabá MT
Neste artigo vamos refletir um pouco sobre a escola e sua função de atitudes morais e éticas, que deveriam ser uma atribuição da família, mas foi delegada ao professor como mais uma competência, além de ensinar os conteúdos universais num mundo em que está em constante transformação. Presumimos que uma criança ao ir para a escola já tenha internalizado os conceitos básicos de respeitar a autoridade do professor, escutá-lo e conviver de forma harmoniosa com seu colega de sala de aula. Mas acontece que nos últimos anos as coisas não andam bem assim. As famílias não fazem mais esse papel de formação primário, de internalizar na criança os códigos básicos da convivência com os demais seres humanos em sociedade.
Na verdade o que temos são as creches e as babás substituindo o papel de uma educação primária - que deve ser carregada de afetividade - fazendo essa função no lugar do pai e da mãe. Sem dúvida que isso terá reflexo futuro na formação social desta criança. Nessa perspectiva, a escola amplia a sua função para além de uma instituição de formação cognitiva, de ensino e aprendizagem de conteúdos curriculares sobre as diversas áreas do conhecimento, passa a ser também um espaço-tempo de formação da personalidade, dos conceitos que deveriam ser consolidados pelo núcleo familiar. O professor passa então a ter que incorporar à sua atividade de ensinar a função de educar, ou seja, de internalizar valores e conceitos que o aluno já deveria chegar à escola com ele, realizado pelo núcleo familiar, marcado pela afetividade. O que dificilmente vai ocorrer numa sala de aula de uma escola pública.
Outro aspecto que tem que ser colocado na roda dessa discussão é a influência da televisão nesse déficit de formação dos estudantes, haja vista que boa parte do tempo eles passam assistindo os mais diversos programas, alguns sem nenhum conteúdo ou perspectiva de formação educacional. Para contrapor a essa realidade que a cada dia se torna mais forte e presente nas casas das famílias brasileiras, é preciso ensinar as crianças a se contraporem, a ver de forma crítica a programação, a fazer uma "leitura", da mesma forma que se faz de um livro, do que é exibido nos diversos canais de televisão. Proporcionar a leitura de livros, jornais e revistas continua sendo uma forma saudável de promover a formação das crianças e adolescentes e contribuir com a escola na formação social dos estudantes.
Os maiores desafios educacionais em nosso país encontram-se hoje nas primeiras séries das escolas pobres, uma vez que nessas regiões se têm as piores escolas e os professores menos qualificados. Quando na verdade deveria ser ao contrário. As regiões menos favorecidas economicamente deveriam ser priorizadas com maiores incentivos educacionais e melhores formação de professores. Só assim teríamos condições de reverter gradativamente esse quadro assustador em que visualizamos em nosso país. A escola, para que possa ter condições de avançar rumo a uma escola autônoma, que esteja conduzindo dignamente a formação de seus alunos é indispensável que ela insira processos de capacitação permanente de seus docentes, contando também com a presença de assessorias e consultorias que vão ajudar na condução dessa nova realidade na qual a escola se apresenta nesse novo milênio.
quarta-feira, 14 de abril de 2010
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