Gostaria de partilhar uma reflexão que poderemos realizar sobre a SALA DE AULA. Este local, há tempos, tem sido, em especial para mim, elemento de questionamento e tentativa de construção de um significado.
Para aqueles que me conhecem sabem de minha inclinação para a teoria habermasiana. É deste ponto que aqui me coloco novamente.
Primeiro se perguntar "o que é sala de aula?". Este espaço, de integração humana, é antes de mais nada um espaço ou esfera ainda pública. Um local da construção da possibilidade do DISCURSO PRÁTICO.
Quero aqui, para auxiliar neste argumento, compartilhar a fala de Habermas, que pode ser um enunciado que permite buscar o significado da sala de aula, bem como estabelecer possíveis metodologias. Diz " É evidente que a autoconsciência e a capacidade da pessoa de assumir uma posição refletida e deliberada quanto às próprias crenças, desejos, valores e princípios, mesmo quanto ao projeto de toda a sua vida, é um dos requisitos necessários para o discurso prático. Há um requisito, porém, tão importante quanto esse. Os participantes, no momento mesmo em que encetam uma tal prática argumentativa, têm de cooperar uns com os outros na busca de razões aceitáveis para os outros; e, mais ainda, têm de estar dispostas a deixar-se afetar e motivar, em suas decisões afirmativas e negativas, por essas razões e somente por elas.
Os pressupostos prágmaticos da discussão mostram que ambos os requisitos podem ser satisfeitos simultaneamente. A discussão nso faculta, com efeito, ambas as condições:
- a primeira: que cada participante individual seja livre, no sentido de ser dotado de autoridade epistêmica da primeira pessoa, para dizer ´sim´ ou ´não´ (...), mas é preciso atender ainda a segunda condição;
- segunda: que essa autoridade epistêmica seja exercida de acordo com a busca de um acordo racional; que, portanto, só sejam escolhidas soluções que sejam racionalmente aceitáveis para todos os envolvidos e todos os que por elas foram afetados.
Não se pode isolar a primeira condição, a da liberdade comunicativa, da segunda, tampouco se pode atribuir a ela uma prioridade sobre a segunda, que é a da busca de um consenso. Esta última condição reflete o sublime vínculo social: uma vez que encetamos uma práxis argumentativa, deixamo-nos enredar, por assim dizer, num vínculo social que se preserva entre os participantes mesmo quando eles se dividem na competição da busca do melhor argumento." (HABERMA,J.A Ética da discussão e a questão da verdade, trad. Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Martins Fontes, 2007. p.15 - 16).
Fico agora, como forma de débito e dentro desta práxis comunicativa, na tarefa de poder argumentar, a partir destes elementos, alguns significados possíveis para a compreensão do espaço social da Sala de Aula. Trabalho este que será retomado adiante, no próximo artigo.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
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Um comentário:
Se este é o início... gostei! kkkk Espero o próximo artigo! Abs
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